E a Luz Resplandece nas Trevas - João, 1: 5

 

e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Já dissemos e voltamos a repetir que não temos como saber sobre o início da Criação devido a nossa pouca evolução e porque não há como no relativo em que nos situamos compeender o Absoluto. Todavia, a lógica nos leva pensar que a Criação primária é espiritual. É pouco provável que Deus tenha criado a matéria e o Universo material primeiro e depois o espiritual.

Nos primeiros movimentos do livro Gênesis há anotação de que “no princípio Deus criava os céus e a terra1, o que nos sugere a criação dos céus (mundo espiritual) antes da terra (mundo físico). Porém, segundo a narração deste mesmo livro, no versículo três do primeiro capítulo surge a luz quando no versículo dois já relatava sobre a existência das trevas. Existia treva antes da luz? Como dissemos, é pouco provável. A luz representando o bem, o espiritual, a ação original do Criador é anterior a tudo. Então, como resolver esta contradição?

Atribuímos isto, segundo nossa humilde forma de analisar, ao modo de relatar dos redatores primeiros do texto bíblico. Eles partiram do que conheciam, o mundo físico, para só depois falarem sobre o que ainda era desconhecido, o mundo espiritual. Por isso, os livros que narram a Criação partem do mundo material para o espiritual, como se o espírito partisse da matéria para só depois atingir a condição plena, espiritual.

No Evangelho de João há em parte a correção deste fato. Nele temos no princípio o verbo (logos), a vida, a luz, e só depois surgem as trevas. Hoje com a nossa mentalidade já mais evoluída podemos depreender que as trevas não pertencem à Criação original, elas têm origem no uso indevido do livre arbítrio por parte do espírito que se voltou contra a Lei de Deus.

A luz resplandece (brilha) nas trevas, esta é a lógica do nosso Universo. A luz por si mesma é invisível, a luz incriada é inascessível á nossa condição material. Deste modo, é preciso que aja trevas para que possamos ver a luz. Todavia as trevas não conseguem compreender a luz, não conseguem apreendê-la , impedi-la. O significado do termo grego catélaben é controvertido, podendo ainda significar conter. Porém o sentido espiritual do versículo é claro e otimista; por maior que seja a treva ou o tenebroso em nós mesmos jamais conseguiremos apagar a luminosidade da essencia espiritual que somos. A Centelha Divina vencerá sempre mesmo que fique adormecida por longo tempo. Lembremos que ela praticamente se apaga no mineral vindo a brilhar com todo o seu fulgor no espírito voltado para o bem. A Inteligência Suprema nos marcou para sempre, por isso o sentido da vida é para frente e para o alto.

1 Gênesis, 1: 1